Na década de setenta produzíamos músicas evangélicas conhecidas hoje, como música Gospel.
Os long-plays, assim chamados eram prensados nas gravadoras Copacabana ou Continental.
Um dia apareceu um rapaz na loja, contou sua vida, a condição de ex-presidiário era o fator que dificultava conseguir um emprego, então ele me pediu ajuda.
Propôs levar os discos, vende-los e pagar após a venda.
Aceitei a proposta, ele viajava para Minas Gerais, vendia os discos, comprava jogos de enxovais e os vendia aqui.
E assim se passou algum tempo, não recordo quanto, o rapaz ganhava sua comissão e ia vivendo honestamente.
Um dia ele apareceu acompanhado de alguns senhores, um deles disse ser policial e investigava a procedência das mercadorias encontradas em poder do jovem.
Questionou sobre notas fiscais, quando e como conheci o rapaz e outras coisas pertinentes a investigação.
Respondi que ele ouvira os programas que apresentávamos e nos procurou propondo levar discos, bíblias e hinários em consignação, após a venda as notas eram emitidas dependendo a quem fossem vendidas, pessoa física ou jurídica.
O tempo passou e eu não soube mais do rapaz.
Alguns anos passados fomos convidados a participar de uma aula no
Seminário de Teologia, da Igreja Batista, nas Perdizes, bairro de São Paulo.
Cheguei ao Seminário e fui conduzida até a sala de aula.
O professor convidou-me a apresentar os documentos da Congregação dirigida por meu esposo, pastor Manoel M. da Silva.
O dia havia sido agitado, muito trabalho e esqueci os documentos que usaria na palestra em cima da mesa do escritório.
Pedi desculpa pela falta e disse: Não trouxe os documentos, vim só com a Graça de Deus.
Fiquei constrangida, entre os documentos estava o estatuto, como falar sobre um ponto tão controverso em teologia sem a devida apresentação?
Minha falta de atenção podia custar uma oportunidade importante de falar sobre oração.
Antes que eu começasse explanar sobre as Sete Divindades, o Pastor e Professor pediu atenção, queria falar algumas palavras e abaixo segue o que ele disse aos jovens alunos:
"Prestaram atenção às palavras ditas pela irmã?
Comparem como ela se apresentou e como se apresentam os representantes das demais Casas de Orações.
Ela não tirou da bolsa papéis, documentos e outros acessórios, ela disse: Que veio só com a Graça de Deus, assim sendo, ela veio muito bem, acompanhada e representada.
E, quero dar um testemunho cristão sobre nossa irmã, eu a conheci a muito tempo, ela não se lembra (e não me lembrava mesmo)Conheci esta senhora quando defendi a causa de um ex-detento..." e contou a história do rapaz que nós havíamos ajudado, anos antes.
O Professor, Pastor era também o advogado de defesa da causa o rapaz.
Isto me faz pensar: Se nas voltas que a vida dá nos deparamos com
testemunhos de nossas ações.
Imaginem quando nos encontrarmos face a face com o Deus de nossos
corações.
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