domingo, 2 de fevereiro de 2014

O Porteiro do prostíbulo

"Não havia no povoado pior ofício do que "porteiro do prostíbulo".
Mas outra coisa poderia fazer aquele homem? O fato é que nunca tinha
aprendido a ler nem escrever, não tinha nenhuma outra atividade ou ofício.

Um dia, entrou como gerente do prostíbulo um jovem cheio de idéias,
criativo e empreendedor, que decidiu modernizar o estabelecimento.

Fez mudanças e chamou os funcionários para as novas instruções.

Ao porteiro disse:
- A partir de hoje, o senhor, além de ficar na portaria, vai preparar
um relatório semanal onde registrará a quantidade de pessoas que
entram e seus comentários e reclamações sobre os serviços.

- Eu adoraria fazer isso, senhor - balbuciou - mas eu não ser ler nem escrever!!

- Ah! Quanto eu o sinto! Mas se é assim, já não poderá seguir trabalhando aqui.

- Mas Senhor, não pode me despedir, eu trabalhei nisto a minha vida
inteira, não se fazer outra coisa.

- Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor. Vamos
dar-lhe uma boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu
sinto muito e que tenha sorte.

Sem mais nem menos, deu meia volta e foi embora.
O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse.
Que fazer? Lembrou que no prostíbulo, quando quebrava alguma cadeira
ou mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho.
Pensou que esta poderia ser uma boa ocupação até conseguir um emprego.
Mas só contava com alguns pregos enferrujados e um alicate mal conservado.
Usaria o dinheiro da indenização para comprar uma caixa de ferramentas completa.
Como o povoado não tinha casa de ferragens, deveria viajar dois dias
em uma mula para ir ao povoado mais próximo para realizar a compra. E
assim o fez.

No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:
- Venho para perguntar se você tem um martelo para me emprestar.

- Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para trabalhar ... já
que fiquei sem emprego ...

- Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.

- Se é assim, está bom.

Na manhã seguinte, como havia prometido, o vizinho bateu à porta e disse:
- Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende para mim?

- Não, eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa de
ferragens mais próxima está a dois dias mula de viagem.

- Façamos um trato - disse o vizinho. Eu pagarei os dias de ida e
volta, mais o preço do martelo, já que você está sem trabalho no
momento. Que lhe parece?

Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias ... aceitou.
Voltou a montar na sua mula e viajou. No seu regresso, outro vizinho o
esperava na porta de sua casa.

- Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso amigo.

- Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a pagar-lhe seus
dias de viajem, mais um pequeno lucro para que você as compre para
mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras. Que
lhe parece?

O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho escolheu um alicate,
uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora.
E nosso amigo guardou as palavras que escutara: "não disponho de tempo
para viajar para fazer compras".

Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele viajasse
para trazer as ferramentas. Na viajem seguinte, arriscou um pouco mais
de dinheiro trazendo mais ferramentas do que as que havia vendido.
De fato, poderia economizar algum tempo em viagens.
A notícia começou a se espalhar pelo povoado e muitos, querendo
economizar a viajem, faziam encomendas.
Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez por semana viajava e
trazia o que precisavam seus clientes.
Com o tempo, alugou um galpão para estocar as ferramentas e alguns
meses depois, comprou uma vitrine e um balcão e transformou o galpão
na primeira loja de ferragens do povoado.

Todos estavam contentes e compravam dele. Já não viajava, os
fabricantes enviavam-lhe seus pedidos. Ele era um bom cliente. Com o
tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam comprar na sua loja
de ferragens, do que gastar dias em viagens.

Um dia ele lembrou de um amigo seu que era torneiro e ferreiro e
pensou que este poderia fabricar as cabeças dos martelos. E logo, por
que não, as chaves de fendas, os alicates, as talhadeiras, etc.. E
após foram os pregos e os parafusos ...
Em poucos anos, nosso amigo se transformou, com seu trabalho, em um
rico e próspero fabricante de ferramentas.

Um dia decidiu doar uma escola ao povoado.
Nela, além de ler e escrever, as crianças aprenderiam algum ofício.
No dia da inauguração da escola, o prefeito lhe entregou as chaves da
cidade, o abraçou e lhe disse:

- É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos conceda a
honra de colocar a sua assinatura na primeira página do Livro de Atas
desta nova escola.

- A honra seria minha - disse o homem. Seria a coisa que mais me daria
prazer, assinar o Livro, mas eu não sei ler nem escrever, sou
analfabeto.

- O senhor?!?! - disse o prefeito sem acreditar. O senhor construiu um
império industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. Eu
pergunto:
- O que teria sido do senhor se soubesse ler e escrever?

- Isso eu posso responder - disse o homem com calma. Se eu soubesse
ler e escrever ... ainda seria o porteiro do prostíbulo!!!!!

Geralmente as mudanças são vistas como adversidades.

As adversidades podem ser bênçãos. As crises estão cheias de oportunidades.

"UM CHUTE NO TRASEIRO, PODE SER UM PASSO À FRENTE" ....

Reflita!!!

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