sábado, 7 de setembro de 2013

O SÁBIO E O GUERREIRO

A felicidade é o ideal que almejamos, mas poucos se interrogam, realmente, sobre as razões de sua infelicidade, de seu progresso ou fracasso.

É normal, encontrarmos pessoas infelizes, lamentando-se, e até, desistindo de conseguir realizar aquilo  que para elas representaria a felicidade, como se não lhes restassem qualquer opção.

A história do sábio que foi aprisionado por um guerreiro é um bom tema de reflexão para aqueles que nunca pensaram seriamente sobre os motivos da sua infelicidade.

O guerreiro dá história é o personagem que representa a maioria dos homens infelizes.

"Certa vez um sábio estava caminhando por uma floresta, quando foi aprisionado por um guerreiro indígena.
O sábio encarou a situação com muita sabedoria.
Em tom sereno, disse ao guerreiro: Que belo rosto você tem! E que musculatura! 
Mas, acrescentou, astuciosamente: Honestamente, se você não fosse tão pálido, certamente seria o homem mais belo do mundo".

O indígena, que não tivera a oportunidade de ver seu rosto num espelho, ficou preocupado e perguntou curioso: "Diga por que eu pareço tão pálido?
Se você me der a razão correta, eu pouparei sua vida...."

O sábio respondeu: "talvez a razão da sua infelicidade esteja em que você não tenha um meio apropriado e regular de  ganhar a vida e, assim, permaneça em constante dificuldade.

Ou, na procura do seu sustento, você tenha de trabalhar muito longe de seus entes queridos, e isto o mantenha incessantemente preocupado com o bem estar dos mesmos.

Ou, o trabalho que lhe é imposto não esteja de acordo com a sua natureza, e você pense que seria melhor se estivesse  fazendo outra coisa. Parece que, na sua opinião, seu trabalho atual está muito abaixo da sua dignidade, mas você não consegue abandoná-lo, por que não arranja outro tipo de trabalho que lhe desse prazer, ou não recompensasse financeiramente. 

Pode ser que, na sua opinião, seu chefe seja incompetente, insuportável fanfarrão, que o aborrece constantemente, mas a quem você deve servir, a despeito de não gostar dele.

Talvez sua preocupação seja ser velho demais para a sua mulher, é possível que seu filho seja vagabundo, ou seus filhos e genros se recusem a trabalhar e os estejam sempre amolando com suas necessidades.

Pode ser que seus parentes e amigos sejam tão maus que, que a despeito dos seus esforços para ajudá-los, eles vivam sempre irritados e, a todo instante brigando por bobagens, e apesar dos seus esforços, você não os consiga reconciliar e isto o deixe totalmente desgostoso.

É possível que suas ambições ultrapassem muito suas limitações, embora pouco perspicaz, você queira ser conhecido como  um filósofo, um escritor, um pintor, ou um orador; embora vacilante, você queira ser reconhecido como líder; medroso, você queira  ser reconhecido como um guerreiro destemido e valoroso. 
Não sendo rico você queira ser lembrado como um filantropo, ou confiando exclusivamente em sua força física, você queira ser com um grande personagem de sua época.

Pode ser, que tenha alcançado sua posição social e sua reputação intelectual em bases falsas, de modo que esteja todo o tempo com medo de ser desmascarado, ou que sinta medo de seus inimigos, com receio, real ou imaginário, de sofrer com alguma doença da velhice, das rugas, e da debilitação geral, ou da morte, de seu ente mais querido; que esteja preocupado demais com o que possa acontecer a você e ao  mundo, no futuro.

E pode sentir tédio pela vida, incapaz de ver qualquer sentido na existência humana, você queira se dedicar exclusivamente à contemplação e devoção religiosa, mas não pode fazê-lo por causa dos seus deveres de família.

Que esteja farto de tanta degeneração moral: Filósofos procurando prazeres carnais; homens religiosos correndo atraz de bens materiais; soldados agindo covardemente; políticos trabalhando para servir seus objetivos particulares, ao invés de servirem a nação;  jovens privados de oportunidades; velhos desamparados; homens bons sofrendo e vivendo na miséria; homens vis e corruptos prosperando..."

Esta história praticamente esgota a lista de razões que o sábio propôs para a infelicidade do guerreiro.
E, naturalmente, ele ganhou sua merecida salvação.

Contudo, há mais uma razão: é o estado extremo de confusão, indecisão e perplexidade, que ocorre quando, ante duas  possibilidades igualmente más ou desastrosas, o homem tem de  escolher uma.

Com efeito, o sábio atinge o clímax da história, quando o guerreiro tem diante de si o dilema de matar seus próprios parentes e amigos numa guerra fratricida, ou recusando-se, a perder o seu legítimo reino e ser para sempre chamado de covarde.

Atualmente, também nós temos de decidir entre duas possibilidades igualmente desastrosas: testemunhar a destruição de toda a nossa civilização, num holocausto nuclear, ou a destruição de todos os nossos valores por um modo de pensar crescentemente ateísta.

Esta escolha torna qualquer ser humano infeliz, como aconteceu com o guerreiro.

Mas, terá havido alguma época em que o homem não tivesse  de enfrentar uma escolha igualmente difícil?
Entre preceitos morais e prazeres da carne?
Entre deveres para com a família e deveres para com a nação?
Entre deveres para com a nação e deveres para com a humanidade?
Entre dizer uma verdade e dizer uma mentira que pode ferir espiritualmente?

Reflitam!!!

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